-Bom dia Gabriel, -booom diaaa rapariga, e cantava as vocais no seu timbre aflautado
-É pá Pinana! -Chamo-me Gabrieeel arrastando as palavras tão docemente numa mistura de português antigo e antigo africano.
Esta é uma homenagem muito sentida, um epitáfio mesmo alegre, porque o Gabriel era desse modo: amável, divertido e sempre contente, um grande conversador e polemista que nunca brigava e se o fazia era tão terno…Os lugares eram mais confortáveis quando estava ele e sempre havia risos abertos e lembranças da África, de Moçambique onde quase nasceu, de África do Sul, de Angola, de Safaris com toureiros espanhóis, da equipa de futebol que treinava, dos pretos e dos brancos, dos soldados, da guerra….da dor ,da perda, do exílio, entre anedotas surrealistas e no meio do drama, as gargalhadas.
A vida sem você vai ser mas chata e cinzenta. Tínhamos combinado há apenas um mês fazer um vídeo onde teria falado de todas as suas lembranças, de Mandela, do retorno, disto e daquilo. Esse vídeo ia ser publicado neste Blog, mas não cumpriu a palavra e foi contar a outros as suas andanças, que aldrabão…
Hoje, 1 de Fevereiro de 2012 o vento do norte levou-se um amigo que tinha ao redor de oitenta anos e muitos séculos vividos.
Hoje no café de Flor não estava, nem em casa do seu grande amigo Jorge a fazer o jantar e ver o jogo que seguia com olhos espertos a beber uns copos de vinho, gostava do Barcelona,a propósito, não jogou muito bem, hoje que não estava.
Hoje, muitos (sobretudo, a tua querida Dina), sentimos uma tristeza infinita, por isso, esta canção de Piazzolla é para você que gosta da música, da conversa, do amor, dos amigos, da vida.