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As Portagens Selvagens 3ª Parte…3 meses depois

Novas Frescas!

Enquanto estava a escrever este artigo, é pá! Publicou-se isto o dia 2 de Março, 2012 em todos os jornais de Portugal.

Portagens nas SCUTS são Ilegais

Comissão Europeia ameaça levar o Estado português a tribunal se não alterar as normas que violam o direito comunitário no que respeita às cobranças nas antigas autoestradas “Sem Custo para os Utilizadores”. Especialistas afirmam que parecer é válido para todas as SCUT.
Ler mais:
http://aeiou.expresso.pt/portagens-nas-scut-sao-ilegais=f708651#ixzz1oAXD1aPD

Desde o tempo em que escrevi a 1ª e a 2ª parte, passaram sucessos sobrenaturais ao respeito da minha experiência de abdução na Via do Infante, vou contar-lhes os factos surpreendentes acontecidos nesses dias e as minhas impressões que as acompanharam.

O pior não foi a confusão; a falta de informação; as dificuldades para pagar; a discriminação para os residentes estrangeiros (que têm carros com matrícula estrangeira…claro! E bastante normal…) e é por isso que não podemos desfrutar dos descontos que sim têm os residentes portugueses; os preços abusivos… O pior foram as brigas com o meu marido! a causa da eleição das obtusas modalidades, que se ir ou não pela 125, o tempo perdido em escritórios de correios e estações de serviço, em pontos de informação sem informação…este desgaste psicológico e pessoal, o tempo consumido nas filas… deviam ter também descontos! E alguma medalha ao mérito da paciência!, uma homenagem com um hino dedicado aos utentes das portagens! Sugiro um em clave Heavy Metal ou se calhar Gótica…

Em resumo, aluguei um Dispositivo Temporário com Pré-pago ”No caso particular dos veículos de matrícula estrangeira, o utente terá de entregar uma caução para o dispositivo, havendo lugar à cobrança do serviço de aluguer, aquando da devolução do dispositivo dentro do prazo adiante referido. A caução do dispositivo será devolvida, deduzida do valor do aluguer (calculado em semanas), se o cliente devolver o equipamento em boas condições acompanhado do talão de caução nos 30 dias subsequentes ao seu levantamento. Se o cliente no prazo de 30 dias não devolver o equipamento, este fica como vendido, ficando o cliente com o dispositivo.”

Passava pelos arcos e  fazia piiii. Mas como saber quanto tinha gasto e quando carregar..?. muito fácil na internet no site portagens.ctt.pt (opção “os meus movimentos/histórico de passagens”) e após efetuar o seu registo, deve inserir chave de ativação e o ID do dispositivo para concretizar a pesquisa apenas são válidos na rede de autoestradas em Multi-Lane-Free-Flow, isto é, autoestradas com cobrança de portagem exclusivamente eletrónica. Que bom!

Quando entrei no dito site encontrei-me um formulário que era obrigatório rechear, usar umas horinhas de nada para contar a não sei quem nem para quê a minha vida toda, mas eu só quero saber o saldo!.

Pronto, ontem parámos na fronteira onde tem posto um cartaz azul muito grande onde está escrito”€-i Portagens”, por fim tinham ampliado o serviço além da triste máquina solitária! pensámos. Pois…não.

-Queríamos pagar o que devamos e também mudar de dispositivo já que caduca o próximo 6 de Março….-não aqui não, pare na àrea de serviço de Olhão e ali é onde pôde fazê-lo, a máquina e só para estancias de três/5 dias dias ou se vai ao aeroporto de Faro (Pré-Pago Trajetos pré-definidos), – não, nos correios também não.

Na Área de Serviço de Olhão:

Sim dê-me o dispositivo, hum…oh, não aceita a devolução e também não deixa consultar o saldo…telefone a este número ou envie um e-mail a este adereço e pergunte.

– Não, obrigada, não penso perder nem um minuto nem um € mais da minha curta vida nisto. Kafka estaria encantado neste roteiro de impotência que mais parece uma miragem da loucura.

Amanhã de volta para Espanha, outraaaa vez à Área de Serviço, a comprar outro dispositivo ou o quê?…e daqui à três meses outro artigo desesperado?.

Nãaaooo, este azar, este fado funesto deve mudar. Um país maravilhoso e diverso, de oceanos, montanhas e eiras, cheio de beleza, de história, de cultura, de património humano, material e imaterial….não pode sofrer eternamente esta campanha de imagem infame que alguns ineptos (que desses, em postos de poder, também temos em Espanha nossa cota) se empenham em oferecer.

Talvez seja eu um caso único de má sorte, de delírio obsessivo, tudo é possível nesta era de despropósitos.

Mas pelos vistos…Ainda há esperança!

TRISTEZA INFINITA

-Bom dia Gabriel, -booom diaaa rapariga, e cantava as vocais no seu timbre aflautado

-É pá Pinana! -Chamo-me Gabrieeel arrastando as palavras tão docemente numa mistura de português antigo e antigo africano.

Esta é uma homenagem muito sentida, um epitáfio mesmo alegre, porque o Gabriel era desse modo: amável, divertido e sempre contente,  um grande conversador e polemista que nunca brigava e se o fazia era tão terno…Os lugares eram mais confortáveis quando estava ele e sempre havia risos abertos e lembranças da África, de Moçambique onde quase nasceu, de África do Sul, de Angola, de Safaris com toureiros espanhóis, da equipa de futebol que treinava, dos pretos e dos brancos, dos soldados, da guerra….da dor ,da perda, do exílio, entre anedotas surrealistas e no meio do drama, as gargalhadas.

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A vida sem você  vai ser mas chata e cinzenta. Tínhamos combinado há apenas um mês fazer um vídeo onde teria falado de todas as suas lembranças, de Mandela, do retorno, disto e daquilo. Esse vídeo ia ser publicado neste Blog, mas não cumpriu a  palavra e foi contar a outros as suas andanças, que aldrabão…

Hoje, 1 de Fevereiro de 2012 o vento do norte levou-se um amigo que tinha  ao redor de oitenta anos e muitos séculos vividos.

Hoje no café de Flor não estava, nem em casa do seu grande amigo Jorge a fazer o jantar e ver o jogo que seguia com olhos espertos a beber uns copos de vinho, gostava do Barcelona,a propósito, não jogou muito bem, hoje que não estava.

Hoje, muitos (sobretudo,  a tua querida Dina),  sentimos uma tristeza infinita, por isso, esta canção de Piazzolla é para você que gosta da música, da conversa, do amor, dos amigos, da vida.