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No Não-Aniversário do Nascimento e Morte de Mário- Henrique Leiria

Hoje, que se cumprem (…nasceu em 1923 e morreu a 9 de Janeiro de 1980)…pois…não sei quantos anos, do nascimento e  do falecimento do  surrealista heterodoxo, heterogéneo além de herético, escritor Mário-Henrique Leiria, nesta data tão pouco relevante, lembro-me dele e dos seus Contos do Gin-tonic. Tenho a 6ªedição de Estampa cuja capa, pronto, é um gin-tónico, tá bem, mas o pouco esmero na maquetação e na tipografia,  a escassa qualidade da impressão não deixaram de surpreender-me, porém, gostei imenso dos contos deste escritor de quem só tinha ouvido falar e que não tinha lido, e sim, foi um golo de gin-tónico perfeito.

Aqui podem ver o grande Mário Viegas a recitar um dos poemas dele.

A seguir, os deixo cá a “Cegarrega para Crianças”  incluida nos Contos do Gin- Tonic, e com certeza, se o síndrome de abstinecia ou alguma doença de coração permitem-lhes, bebam-se um gin-tónico (que seja bom o gin e o tónico!), com limão ou lima e muito gelo, enquanto lêem o livro.

CEGARREGA PARA CRIANÇAS

A veja dormindo
o rato roendo
a Velha zumbindo
o rato correndo
a Velha rosnando
o rato rapando
a Velha acordando
o rato calando
a Velha em sentido
o rato escondido
a Velha marchando
o rato mirando
a Velha dizendo
o rato escutando
a Velha ordenando
o rato fazendo
a Velha correndo
o rato fugindo
a Velha caindo
o rato parando
a Velha olhando
o rato esperando
a Velha tremendo
o rato avançando
a Velha gritando
o rato comendo
 
Assinado: A Cavala Assassina

Aprenda Português com Michel Teló

Vocês falam muito de português “culto”, mas o que está a fazer mais pela língua em Espanha é  isto:

O Cristiano tem imenso poder!!!

Assinado: O Morto Doente

I SEMINARIO DE CINE PORTUGUÉS CONTEMPORÁNEO: GESTOS ARTÍSTICOS RADICALES

Informação do seminário e  link para a suscrição:

http://cineportugues2011.gestionandaluciaopc.com/index.php?m=registro&e=23

Se quer mais informação liga para  Secretaria do Seminário no tlfn 954282400 ou no endereço do e-mail seminariocineportugues@gestionandaluciaopc.com

 

PROGRAMA 1er SEMINARIO DE CINE PORTUGUES CONTEMPORANEO

São Martinho 11-11-2011

A LENDA DE SÃO MARTINHO

O Frango à Zambeziana do Agualusa

Gosto da ideia de me-fazer responsável da seção da culinária, e como ainda ando abduzida pelo moço, acho como homenagem iniciá-la com uma receita sua (e uma foto como melhor ingrediente), aparece nas Mulheres e chama-se:

Frango à Zambeziana

Tempera-se o frango com sal, limão, pimenta e quindungo. Extrai-se o leite de um coco, rala-se o miolo e mistura-se com duas colheres de azeite. Grelha-se depois a galinha em fogo lento, regando-a constantemente com a mistura do coco e azeite. Comvém aproveitar o molho que vai escorrendo na grelha, e com o qual se rega a carne, novamente, na hora de ir para a mesa. Frango´`a zambeziana , pois, e cervejas para todos.

(está tomada literalmente do livro)

Assinado: A Carcanhola Calma

Momento sensível e emotivo um dia de chuva numa aula qualquer

Imagen: Thinkstock

Terças e Quintas de 18:00 à 19:30

As terças e quintas sob um búzio
(Que é uma aula prefabricada)
De carteiras para pigmeus
As tardes de terças e quintas
Abandono-me sem remédio

Amo
No calor húmido dum liso inverno
O som longínquo da voz da Sêtora
Sobre o estrado  na clareira
do ano lectivo  dos mil e tantos
Em verão
Cochilam as cigarras da avenida

As terças e quintas são sagradas
De passos apressados no corredor
A canção de vocais diversas
(Indulgente) – “Calem… meninos …”
Burburinhos, abafadas conversas
Hora e meia a salvo de ciladas pois
Entre as empedradas ruas estreitas
Ando ainda espantada, sem inclusão
Na selva infinita de minha aldeia

Amo
Os sinos da chuva no tecto
Num reino de verbos evocantes
Rumor dos colegas a ler o exercício
Pureza do espaço detido
Por um bocado eterno e vago
Adjectivos precisos, exactos pronomes
E a precisa pronúncia. O sotaque
Só isso

Sussurros, os  risos nervosos
(a meia voz)“…Meninos faladores…”
No Convento Sem Lágrimas
Da Virgem do Conhecimento
A música celestial das Palavras
Sem mortos nem sofrimento

Amo
As tardes inúteis de terças e quintas
O silêncio das canecas ao escrever o ditado
O cheiro do giz que sempre me salva
O horizonte do quadro.

Assinado: A Cavala Assassina

A Receita que Escrevi para uma Portuguesa.

OMELETA DE BATATAS À ESPANHOLA FEITA POR UM BASCO

INGREDIENTES:

(Para 3 ou 4 p. dependendo da vontade de comer)

4  Ovos

2  Batatas grandes

Média cebola grande

Sal

Azeite

MODO DE PREPARO:

Descasque e lave bem as batatas. Corte-as em lascas de forma irregular (no Sul há quem as corta em quadrinhos mas no norte as preferem deste modo.). Deixe as batatas em água uns dez minutos (para que percam o amido). Escorremos e temperamos com sal.

Cortamos a cebola em quadrinhos, bem picada.

Fritamos as batatas numa frigideira com azeite abundante e quente . Primeiro ponha as batatas e por cima, a cebola sem misturar (para que não queime a cebola) até que as batatas fiquem meio feitas e algumas torradas, então é quando as misturamos e refogamos, retiram-se e escorrem-se de azeite com uma escumadeira.

Numa tigela, coloque os ovos com um bocadinho de sal e bata ate espumar.

A seguir, juntamos as batatas e a cebola com os ovos já batidos, misturamos e que repouse um pouco.

Levamos a frigideira de novo ao fogo médio com umas gotas de azeite, que só cobra o fundo. Quando estiver quente, colocamos a mistura dos ovos com as batatas e a cebola, sacudindo a frigideira de vez em quando. E quando a parte de baixo estiver firme, 1 minuto mais ou menos, coloque um prato sobre a frigideira e vire a omeleta sobre ele com cuidado, coloque-a de volta e a fazemos por o outro lado até que esteja coalhada.

(A frigideira deve ser antiaderente, normalmente usa-se uma só para as tortilhas para não se colarem)

Há quem gosta da tortilha mais coalhada, nós gostamos dela menos.

Bom Proveito!

Nota: há muitas maneiras de fazer uma omeleta (cada espanhol tem uma). A base é batata, cebola e ovos, mas pode-se acrescentar pimento verde frito, ou/e chouriço ou/e ervilhas…, mas a maneira clássica é esta.

Agora que vem a Sevilha Rodrigo Leão…

Visão de Clarice Lispector


Clarice,
veio de um mistério, partiu para outro.

Ficamos sem saber a essência do- mistério.
Ou o mistério não era essencial,
era Clarice viajando nele.

Era Clarice bulindo no fundo mais fundo,
onde a palavra parece encontrar
sua razão de ser, e retratar o homem.

O que Clarice disse, o que Clarice
viveu por nós em forma de história
em forma de sonho de história
em forma de sonho de sonho de história
(no meio havia uma barata
ou um anjo?)
não sabemos repetir nem inventar.
São coisas, são jóias particulares de Clarice
que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.

Clarice não foi um lugar-comum,
carteira de identidade, retrato.
De Chirico a pintou? Pois sim.

O mais puro retrato de Clarice
só se pode encontrá-lo atrás da nuvem
que o avião cortou, não se percebe mais.

De Clarice guardamos gestos. Gestos,
tentativas de Clarice sair de Clarice
para ser igual a nós todos
em cortesia, cuidados, providências.
Clarice não saiu, mesmo sorrindo.
Dentro dela
o que havia de salões, escadarias,
tetos fosforescentes, longas estepes,
zimbórios, pontes do Recife em bruma envoltas,
formava um país, o país onde Clarice
vivia, só e ardente, construindo fábulas.

Não podíamos reter Clarice em nosso chão
salpicado de compromissos. Os papéis,
os cumprimentos falavam em agora,
edições, possíveis coquetéis
à beira do abismo.
Levitando acima do abismo Clarice riscava
um sulco rubro e cinza no ar e fascinava.

Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde.
Mais tarde, um dia… saberemos amar Clarice.

Carlos Drummond de Andrade

Quem Somos

Associação ilícita alem de confusa e/ou escura, formada por doentes graves atacados por um vírus lusitano de cura improvável contraído entre os anos 2007-2011 num centro secreto de treino e reabilitação para mentes brilhantes (afirmavam as suas mães babadas de amor cego).

Se calhar lógia, talvez turma, bando desarmado ou confraria pelo sim pelo não, criada sob o espantado olhar duma ilustre mestre da grande língua saudosa, aterrada em Sevilha como o resto desta quadrilha, dir-se-ia, heterodoxa.

O objecto deste Blog não está claro nem tem faro certo nem ideias definidas nem sequer indefinidas mas o que podemos revelar sem medo ao erro é o seguinte:
Um Círculo de Confusão é…..
A quantificação do conceito de nitidez ou de focagem. Define-se como sendo o diâmetro do maior círculo de um negativo ou de uma fotografia dentro do qual se considera que não são distinguíveis os diferentes pontos.
Portanto:

  •  Aumentar a abertura -> Aumenta os círculos de confusão.
  • Aumentar a DF -> Aumenta os círculos de confusão.
  •  Reduzir a distância em relação ao objeto em foco –> Aumenta os círculos de confusão

Os lusomaníacos em tratamento são os que estão neste círculo confuso num mundo confundido que navega em círculos, com passo bêbado.

Este Blog, que publicamos em língua portuguesa, pode conter erros dado o perfil hispano da maioria dos sócios maníacos (ainda que alguns já sejam DAPLE!) que escrevem neste recanto sem existência física nem rumo nenhum.
Pedimos desculpas e licença para falar, narrar, soletrar e até cantar o que quisermos, sem abusar, pá.

Ben-vindos a um novo universo de delirantes sensações formais que os deixarão perplexos!!?.

Assinado: Os do Círculo